terça-feira, 8 de novembro de 2011

Sobre ideias que surgem do nada e ferram com o sono

Viro pra um lado da cama, busco uma posição confortável, mas algo não se aquieta na cabeça. Um rascunho é esboçado mentalmente, de forma involuntária e quase arbitrária. Uma ideia pra um texto, atraente e com certa clareza, surge de forma invasiva, atropelando quaisquer desejos banais de se ter apenas uma boa noite de sono. Luto contra a força misteriosa, digo que aquela não é exatamente a hora mais apropriada pra esse tipo de flerte. Tento argumentar. Quem sabe não poderíamos marcar um outro horário, de preferência um que não fosse às três horas da madrugada. Inútil. As frases e palavras pulam, brincam e fazem uma algazarra dentro da minha pobre psique. Tentam me seduzir, me convidar pra festa das ideias que precisam ser colocadas no papel (ou na tela de um computador). Na verdade, o festejo é apenas disfarce. Elas só clamam por liberdade. Sua ânsia desenfreada não me incomoda, necessariamente. De um estranho modo, me cativa.
 Resignado, mas com um sorriso de estranha satisfação no rosto, decido ceder à pressão. Pego caderno e caneta e liberto aquelas que antes tanto gritavam. Decido não fazer nenhum texto: apenas registro tudo que surgiu na cabeça, desde as frases e palavras-chaves à ideia geral. Organizo os parágrafos e faço um pequeno esquema de como será o futuro texto. Delicio-me com esse simples ato, com o pequeno gesto de registrar ideias. Não é hora de se empolgar, porém. O desenvolvimento e finalização ficarão pra outra hora, depois de uma boa noite de sono.
Registro feito, hora de voltar atenções ao sono em potencial. Dessa vez, decido virar para o outro lado da cama. No desespero de não ser atormentado por mais manifestações mentais involuntárias, me permito a essa superstição idiota. Tento me aninhar mais no cobertor, mas eis que sou surpreendido novamente, como diz aquele velho lobo tarado pelo número 13. Mais palavras de efeito e frases formadas invadem a mente, tornando frustrada mais uma tentativa de sono. As safadas parecem seguir um fluxo próprio, totalmente desconhecido por mim. “Mal posso ver seus movimentos”, como diz aquele sayajin. E dessa vez, são ideias ainda mais atraentes.
Um antigo rascunho de texto fora visto de relance ao abrir o caderno anteriormente. A simples encarada fez com que as frenéticas ideias textuais voltassem a surgir, revivendo aquela velha (e esquecida) pauta.
Desisto. Sento a bunda na cama, ligo o notebook e decido escrever. Talvez isso realmente seja melhor do que simplesmente anotar frases e ideias soltas pra não esquecê-las após o sono, atendendo a um estranho processo de “desencargo mental” (um prestar contas à minha própria mente.) Taí uma patologia psíquica interessante. Pergunto-me se já fora catalogada.
Abdicando do sono em favor do bem de meus caros textos, percebo que toda essa ladainha que foi escrita deveria ser uma pequena nota pra ser (talvez) colada em alguma rede social, não uma grande divagação. Pouco importa. Hora de se permitir deliciar e se empolgar com a paixão de escrever, que andava meio enferrujada. Há um bom número de ideias aflorando neste exato momento. Só gostaria que, da próxima vez, elas surgissem num horário mais viável, e não entre três e seis horas da manhã.

"Por favor, deixem-me dormir!"

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